Escrito por: Joanne Jardim
Desde que passamos a nos entender por gente, começamos a criar expectativas sobre todas as situações da vida. Criamos expectativas sobre o presente de Natal, sobre o irmãozinho que vai chegar, o primeiro dia de aula, o primeiro beijo, a festa de casamento e, por fim, o filho que virá. O problema não está em criar as expectativas, mas em como fomos ensinados a lidar com as frustrações e as decepções. A maioria de nós acredita que, se eu desejo, provavelmente irá acontecer e será o melhor. A realidade é que nosso controle sobre alguns aspectos da vida é quase nenhum e que, nem sempre, o que eu desejo como ideal é o ideal para aquela situação. Até entendermos isso, sofremos e nos revoltamos, temos dificuldades de aceitar o que vem e, muitas vezes, deixamos passar momentos importantes de descobertas e de crescimento.
Quando criamos expectativas sobre uma pessoa, o problema se agrava. Precisamos saber que cada pessoa é um mundo diferente do meu e que, criar expectativas sobre como ela deve se comportar, sentir-se ou agir é desrespeitar seu direito de ser ela mesma. Podemos criar expectativas sobre nós, mas não sobre os outros. Mesmo que este outro seja nosso próprio filho!
Quando estamos esperando um bebê, esperamos que ele nasça dentro do conceito do que é normal no que diz respeito aos aspectos físico e intelectual. Desejamos o filho perfeito, sem falhas. O filho imperfeito pode significar, muitas vezes inconscientemente, que nós, pais, fizemos alguma coisa errada. E é aí que entra nossa ingenuidade (e talvez nossa prepotência) de achar que controlamos a natureza.
O filho nada mais é do que um novo ser humano, um novo mundo, com uma nova história a ser contada. Isso precisa e deve ser respeitado. Se ele vem com deficiências ou não, com os olhos azuis ou castanhos, com o cabelo liso ou enrolado, chorão ou quietinho, dorminhoco ou agitado, realmente não somos nós, os pais, quem decidimos. Se concordamos em colocar um nova pessoa no mundo, devemos saber que também concordamos em aceitar o que vier como um presente.
O filho não é a continuação dos pais nem a sua melhor versão. O filho é, e somente deve ser, ele mesmo, com seus defeitos e qualidades, suas habilidades e limitações, suas belezas e feiuras.
Cabe a nós, pais, olharmos para o filho, não como uma posse, um remédio ou um troféu, mas como um ser humano que tem direito de viver sua própria vida. A partir dessa visão, as expectativas diminuem e, por consequência, também as frustrações, abrindo espaço para o aprendizado e para os momentos felizes.
Joanne Jardim é pedagoga e psicóloga clínica e trabalha em Itajubá-MG.
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